“Cadê o retorno, o retorno, por favor?!”. Eis o velho bordão de Sebastião Rodrigues Maia, o “Tião”, ou melhor, do nosso saudoso e tresloucado Tim Maia (1943-1998), quando estava no palco ou fora dele. Um sujeito para o qual vida e arte não se desassociavam em qualquer circunstância.
Pois é, este tijucano, amulatado e gordo, que tantas glórias proporcionou ao funk-soul-pop-brasileiro ganhou há pouco um retrato desprentesioso de sua vida e obra por meio do amigo e compositor paraguaio-brasiliero Juan Zénon Rolón, conhecido como Fábio, que acaba de lançar o livro “Até parece que foi um sonho – Meus 30 anos de amizade com Tim Maia” (Editora Matrix).
As 130 páginas do pequeno volume se presta a um pequeno mosaico de recortes da trajetória do artista para ler de uma sentada só. Em depoimento ao jornalista Acheu Pacheco, o autor, faz às vezes de cicerone, levando pelas mãos os leitores ao labirinto do minotauro Tim Maia. Resgatando momentos hilários e muitas vezes trágicos vividos pelo cantor e compositor de alma agridoce.
O mais do mesmo: brigas, confusões, drogas (pesadíssimas!), o encontro com Erasmo e Roberto Carlos, o exílio voluntário nos Estados Unidos, as prisões, as pelejas entre o céu e a terra, as histórias que inspiraram algumas de suas canções, os famosos bolos pregados em emissoras da TV e shows pelo País etc.
“Foi o primeiro cantor a bater de frente com as grandes gravadoras multinacionais, temido, respeitado por todas elas (...) Fundou uma gravadora e uma editora, e administrativa sua carreira sozinho. Era o terror dos técnicos de som, dos produtores e dos diretores artísticos. Sem dúvida, o maior criador de casos do meio artístico brasileiro de todos tempos”, resume Fábio.
A obra serve mais como um aperitivo para fãs e admiradores do velho “sindico”, já que o produtor Nelson Motta prepara o lançamento daquela que parece ser a biografia definitiva do artista. Sob o título provisório de “Vale Tudo – o som e a fúria de Tim Maia”, o novo livro, esperado para este segundo semestre, promete trazer novas revelações do autor de verdadeiros hinos da MPB, como “Não quero dinheiro (Só quero amar)”, “Música no ar” e “Réu Confesso”, dentro outras pepitas valiosas.
De qualquer forma, “Até parece que foi um sonho – Meus 30 anos de amizade com Tim Maia” introduz o leitor no universo muitas vezes em desencanto do artista. É um livro para se ler sorrindo ou mesmo de pileque.Claro, com um bom disco de “Tião” rodando ao fundo.
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