terça-feira, 15 de maio de 2007

Erotismo, rock and roll e uma espatódea no jardim de Nando Reis



Sexta-feira. Dia 11 de maio de 2007. São quase 17h. Saio da redação às pressas pois tenho o compromisso de pegar minha credencial para entrevistar Nando Reis, cujo show acontece na mesma noite, no centro de eventos Expo Lavras Show (Lavras-MG). Evento organizado pela DW Promoções em parceria com a DM Promoções.

Chego na hora marcada. Missão cumprida. Enquanto espero pelo início da coletiva com o cantor e compositor (que iria rolar somente quase três horas depois, acreditem!), vejo que no palco já montado a ladainha de sons da “tchurma” do Nando tem início: Alex Veley (teclados), Carlos Pontual (guitarra), Diogo Gameiro (bateria) e Felipe Cambraia (baixo). O fumacê denúncia: são Os Infernais. Em carne, osso e ruídos.

O cenário em branco e preto reproduz os crustáceos da capa de seu último CD “Sim e Não”, lançado no ano passado. São formas fálicas, côncavas, misteriosas, que rementem à eroticidade mesma do álbum. “Me dê seu leite como meu licor/Me dê seus peitos cheios de amor/Me dê um beijo sem nenhum pudor/E você me penetra”, diz a letra de “Monóico”.

Passagens de som costumam ser interessantes. Os músicos se entregam. Não há uma platéia centrada, só um público maroto, descompromissado e curioso que se mistura aos roudies. Por um triz a vida parece ser doce. E tome acordes, afinações, vocalizes e luzes.

De repente, nosso tão aguardado convidado chega. Veste um índigo blusão (perdão, São Gilberto Gil!) que contrasta com o cachecol vermelho esvoaçante em seu pescoço. Nando brinca com os músicos. Ri. Dá uma tragada no cigarro e faz o seu showzinho particular. Rolam as pedras. “Sim”, ‘Segundo Sol”, “Sou dela”, “Etc”, “Tentei fugir” e outros petardos. Sobra até um “Lindo balão azul”, tema pimpão da lavra de Guilherme Arantes, que, por estranhas razões, ficou fora do show que começaria a 1h da manhã de sábado, dia 12. O qual encarei de frente, mesmo quase congelando embaixo do meu casaco de veludo por causa do frio. Não ia perder a melhor turnê do cara. Redondinha e cheia de canções libidinosas.

Câmeras, microfones, gravadores em ação. Começa a coletiva em um camarim minúsculo e improvisado. São 20 minutos que parecem uma eternidade. Nando fala de forma concisa e sobre temas variados.

O Nada Será Como Antes não ficou só com esse mérito. Partiu para o ataque. Prova é o bate-papo rápido e rasteiro com a percussionista Elaine Moreira, a Lan Lan - que passou a tocar ao lado de Nando e Os Infernais nesta fase final da turnê do álbum “Sim e Não”, o qual você confere logo mais abaixo (ver postagem "O lance de dados de Lan Lan"). Divirtam-se!

A saída dos Titãs

"Eu permaneci 20 anos nos Titãs. Saí no final em 2002. Foi um processo natural. Tenho orgulho ter feito parte desta história. Acredito que a gente deu uma contribuição para a consolidação do rock nacional, como uma força da música brasileira. O grupo trouxe mudanças de cenário para o mercado. Foi um legado"

Os 20 anos de lançamento de Cabeça Dinossauro

"Ele é um disco importantíssimo não só na minha história e dos Titãs, mas no do rock and roll. É um disco-símbolo, como o foram “Selvagem”, do Paralamas do Sucesso, e “Nós Vamos Invadir sua Praia”, do Ultraje a Rigor. Estas datas de certa maneira servem mais para rememorar. “Cabeça Dinossauro” está dentro do seu tempo. Está é sua força. Ele é muito expressivo sobre a situação do Brasil e o tipo de relação que a juventude tinha dentro daquele cenário pós-ditadura, onde havia resquícios de repressão e uma tentativa de estabelecimento das liberdades. Cabeça Dinossauro foi censurado em duas faixas: “Igreja” e “Bichos Escrotos”"

Igreja

"É curioso estarmos falando de “Igreja” (música e letra de autoria de Nando Reis) neste momento em que o papa está visitando o Brasil. Não tenho qualquer peso por ter escrito está música. Meu pensamento é um pouco parecido com o daquela época no que diz respeito a este assunto. Talvez um pouco mais tolerante do que fui. Para fazer uma canção como está é necessário ter um pouco de iconoclastia e inconseqüência. A expressão contestatória exige um certo desprendimento"

Novo disco

"Não tenho medo de nada, bicho. Eu faço o que gosto. Acho que o disco [Luau MTV] tem um sentido artístico. Não estou nem aí para o que a imprensa diz. Este disco surgiu de forma meio inesperada, entendeu? Era para ser somente um programa de televisão que iria virar DVD. Mas ficou tão bonito, que a gente resolveu lançar em CD. Quem quiser que compre, quem não quiser, que ignore. Por que eu haveria de me boicotar?"

Espatódea

"A música “Espatódea” eu fiz para a minha filha chamada Zoé. Ela é a única ruiva dentre eles. Eu já tinha feito uma música para o meu filho Sebastião (“O Mundo é bão, Sebastião”), então ela me requisitou uma. Ficou muito linda a música. Eu acho que é uma das coisas mais bonitas que fiz. Ela entrou na novela das oito, Paraíso Tropical, e está tocando. É muito bom ver as pessoas as pessoas cantando ela"

Cássia Eller

"(Visivelmente desconcertado) Isso é uma merda, né bicho?! Perder uma pessoa tão próxima, importante e jovem dessa maneira idiota. Pessoalmente é uma tristeza enorme sempre. Ontem eu estava dando entrevistas sobre o Luau [MTV], quando um repórter me perguntou: “Pô, a Cássia estaria aí, né? Eu disse: claro!”. De vez em quando vem a recordação do absurdo que é uma pessoa tão presente não estar mais entre a gente. Eu perdi três amigos em um curto período de tempo: ela, o Marcelo [Fromer] e o Tom Capone. As pessoas são insubstituíveis, né? "

Biografia de Roberto Carlos (sobre a decisão judicial que suspendeu a comercialização da biografia do rei, “Roberto Carlos em Detalhes”, de autoria do historiador e jornalista Paulo César Araújo).

"Eu achei meio bobo (...) Mas sei lá, por outro lado, cada um faz o que quer e paga o preço. Não posso julgar o Roberto. Não li o livro, mas parece que é uma pesquisa séria. Por outro lado, fala da vida dele e ele tem o direito de se incomodar com isso"

Planos futuros

"O principal é lançar a turnê do “Lua MTV”, que começa no final deste mês (26 e 27 de maio no Citbank Hall, em São Paulo). O negócio é continuar na estrada"

Um comentário:

Anônimo disse...

UAU!!!!
ví seu blog por acaso na comunidade N e adorei viu?
sou fã do Nando, e fã da música brasileira em geral.


MUITO BOM SEU BLOG