O sexteto de multi-instrumentistas de primeiríssima qualidade despontou para o sucesso no início da década de 80 embalando corações e mentes, levando-os ao Olímpo da música acessível, leve e trabalhada, sem, contudo, cair no kitsch simples e puro.
Eles tocaram e cantaram com senhores e senhoras respeitados da nossa MPB - Gal Costa, Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Simone, entre tantos outros, sem perder aquela delicadeza e ingenuidade, que hoje, nestes tempos neoliberais, virou sinônimo de cafonice antiutópica.
Quem aí não se lembra (podem cantar ou assobiar, ok?) de composições tão conhecidas quanto consagradas, como “Canção de Verão”, “Whisky A Go-Go”, “Sapato Velho”, “Dona”, “Coração Pirata”, “A Viagem” e dezenas de outras que ajudaram a arejar as nossas sacrossantas novelas diárias?
O Nada Será Como Antes publica abaixo uma entrevista inédita com o Roupa Nova, realizada em 22 de julho do ano passado, depois de uma apresentação na cidade de Lavras - MG. Na época, o grupo se preparava para lançar o álbum RoupAcústico II. A fórmula do projeto, embora elaborada de forma um tanto palatável entre muitos artistas brasileiros (alô, MTV Acústico!), realçou, de maneira honesta e coerente, diga-se de passagem, o trabalho do grupo.
Nossa conversa rolou com Paulinho e Ricardo Feghali, momentos depois do show, já no início da madrugada, no hall do apart-hotel em que a banda estava hospedada. E foi lá, entre o vozerio de tietes paulistanas que lotavam o local, que ambos analisaram um dos momentos mais marcantes da carreira do conjunto.
- Falem sobre o projeto “RoupAcústico”, lançado em 2004, que pode ser considerado um marco na carreira do grupo.
- Paulinho - São dois projetos muitos sérios e aconteceram na hora certa. Nós sempre tivemos vontade de registrar um de nossos shows em VHS e nunca conseguimos por causa das gravadoras. Por isso, montamos um selo, o Roupa Nova Music, e decidimos gravar um CD ao vivo, o “RoupAcústico I” acompanhado de um DVD. Foi um sucesso de vendas nos dois formatos.
- Feghali - Nós acabamos de gravar o CD e o DVD do “RoupAcústico II”, que vai sair em setembro.
- Como acontece o processo de criação do grupo?
- P. - Cada membro da banda tem uma maneira de criar e tem suas influências. Por exemplo, o Kiko traz o rock'and'roll, o Ricardo tem uma levada mais romântica e o Nando tem uma forte influência da música country americana.
- F. - Os arranjos são feitos de forma coletiva. Já as composições acontecem isoladamente. Geralmente eu e o Nando fazemos as letras.
- As músicas do grupo embalaram temas de novelas da Rede Globo de Televisão, programas da mesma emissora, entre outros. Esse segmento ajudou a consolidar o trabalho de vocês?
- P. - Nós trabalhamos durante muito tempo para o departamento musical da Rede Globo e a gente fazia de tudo: temas de novelas e músicas incidentais. Nosso primeiro produtor foi o Mariozinho Rocha (diretor de trilhas sonoras das novelas da emissora). Muitas vezes nós compúnhamos a canção e outras vezes elas já estavam prontas. Nós conseguimos colocar 27 músicas em 26 novelas.
- F. - Foi um trabalho importante. Na verdade, é como uma faca de dois gumes. Às vezes as canções são boas, mas acabam sendo utilizadas como temas de personagens fracos.
- Durante muito tempo, o grupo manteve uma relação forte com a mídia. Hoje, ela parece ter perdido força, relegando vocês a um certo ostracismo. Como vocês analisam essa questão?
- P. - Não considero um ostracismo estar fora da mídia. Desde o início nós queríamos fazer uma carreira e não um “boom”. Ficamos longe da televisão, mas continuamos a fazer os nossos discos e shows. As nossas vendagens de CD's não caíram. Prova disso é o sucesso do RoupAcústico.
- F. - Eu gostaria de saber qual ao artista, com 26 anos de carreira, que conseguiu ficar na mídia 100%? O que acontece é que o artista tem as suas variáveis. Ele precisa sair um pouco de cena para se reciclar e saber o que está acontecendo. Foi isso o que aconteceu com a gente. Nós fazemos cerca de 100 shows por ano.
- Vocês são considerados grandes músicos pela nata da MPB (Música Popular Brasileira). Como foi a formação do grupo?
- P.- A nossa escola é a da vida. Nós começamos a tocar nos bailes. Hoje temos músicos famosos tocando diversos instrumentos por meio de fitas de VHS. Na nossa época, não tinha nada disso. Nós pegávamos os discos e ouvíamos milhões de coisas diferentes. Isso nos deu uma bagagem muito grande.
- F. - Eu estudei composição e regência no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro. Já o Cleberson, passou pela Escola Nacional de Música. No entanto, a nossa grande formação aconteceu nos bailes de salão. Essa relação que a gente mantém com o público durante os shows nós aprendemos tocando para essas platéias.
- O penúltimo trabalho de vocês, “Ouro de Minas”, resgata composições de autores mineiros. Como é voltar a Minas Gerais?
- M. - É muito bom. Faz muito tempo que a gente não se relaciona com essa turma toda. Quando a gente passa por aqui dá uma saudade danada de todos eles. A música nos "Bailes da Vida" (gravada por Bituca, em 1981, no CD Caçador de Mim, teve participação antológica do grupo) foi feita por Milton Nascimento em homenagem ao Roupa Nova.
- F. - Sou mineiro de Belo Horizonte. Contudo, acho que o disco, que teve a participação da Zélia Duncan, Luciana Melo, Elba Ramalho, Sandra de Sá e Ivete Sangalo, poderia ter tido uma aceitação melhor aqui no Estado.
- Como anda a carreira internacional do grupo?
- P. - Nós já estivemos em Portugal, Estados Unidos, Porto Rico e Paraguai, onde, inclusive, temos um público absurdo. Estamos em negociações para tocar na Espanha, África do Sul e Japão.
- F. - A gente prepara uma apresentação num teatro em Nova York. O show acontece em novembro.
- O público que acompanha o trabalho do grupo está sempre em mutação. Há uma nova geração curtindo Roupa Nova hoje?
- P. - É deliciosa essa relação. Há uma galera nova curtindo a gente e isso é maravilhoso. Nós devemos tudo que conquistamos aos fãs.
- F. - Sou um cara muito ligado na Internet e vivo com o laptop para cá e pra lá. Recentemente fiz uma pesquisa nela e descobri que 75% do nosso público hoje é composto por pessoas com idade entre 16 e 25 anos.
- Quais os planos futuros do grupo?
- P. - Nossa força está toda concentrada no selo Roupa Nova Music. Nós pretendemos, por meio dele, trazer grandes talentos esquecidos e mostrar outros desconhecidos para a mídia. Sabemos que a mídia é um pouco radical quando se fala no talento de alguns artistas.
- F. - Nós estamos focados no trabalho de edição do novo DVD “RoupAcústico II”, que tem as participações de Claudia Leite (vocalista do grupo Babado Novo), Tony Garrido (vocalista do Cidade Negra), Marjorie Stiano e do Pedro Mariano (irmão da cantora Maria Rita e também filho de Elis Regina). Estamos muito felizes com o resultado final do projeto.
- Como acontece o processo de criação do grupo?
- P. - Cada membro da banda tem uma maneira de criar e tem suas influências. Por exemplo, o Kiko traz o rock'and'roll, o Ricardo tem uma levada mais romântica e o Nando tem uma forte influência da música country americana.
- F. - Os arranjos são feitos de forma coletiva. Já as composições acontecem isoladamente. Geralmente eu e o Nando fazemos as letras.
- As músicas do grupo embalaram temas de novelas da Rede Globo de Televisão, programas da mesma emissora, entre outros. Esse segmento ajudou a consolidar o trabalho de vocês?
- P. - Nós trabalhamos durante muito tempo para o departamento musical da Rede Globo e a gente fazia de tudo: temas de novelas e músicas incidentais. Nosso primeiro produtor foi o Mariozinho Rocha (diretor de trilhas sonoras das novelas da emissora). Muitas vezes nós compúnhamos a canção e outras vezes elas já estavam prontas. Nós conseguimos colocar 27 músicas em 26 novelas.
- F. - Foi um trabalho importante. Na verdade, é como uma faca de dois gumes. Às vezes as canções são boas, mas acabam sendo utilizadas como temas de personagens fracos.
- Durante muito tempo, o grupo manteve uma relação forte com a mídia. Hoje, ela parece ter perdido força, relegando vocês a um certo ostracismo. Como vocês analisam essa questão?
- P. - Não considero um ostracismo estar fora da mídia. Desde o início nós queríamos fazer uma carreira e não um “boom”. Ficamos longe da televisão, mas continuamos a fazer os nossos discos e shows. As nossas vendagens de CD's não caíram. Prova disso é o sucesso do RoupAcústico.
- F. - Eu gostaria de saber qual ao artista, com 26 anos de carreira, que conseguiu ficar na mídia 100%? O que acontece é que o artista tem as suas variáveis. Ele precisa sair um pouco de cena para se reciclar e saber o que está acontecendo. Foi isso o que aconteceu com a gente. Nós fazemos cerca de 100 shows por ano.
- Vocês são considerados grandes músicos pela nata da MPB (Música Popular Brasileira). Como foi a formação do grupo?
- P.- A nossa escola é a da vida. Nós começamos a tocar nos bailes. Hoje temos músicos famosos tocando diversos instrumentos por meio de fitas de VHS. Na nossa época, não tinha nada disso. Nós pegávamos os discos e ouvíamos milhões de coisas diferentes. Isso nos deu uma bagagem muito grande.
- F. - Eu estudei composição e regência no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro. Já o Cleberson, passou pela Escola Nacional de Música. No entanto, a nossa grande formação aconteceu nos bailes de salão. Essa relação que a gente mantém com o público durante os shows nós aprendemos tocando para essas platéias.
- O penúltimo trabalho de vocês, “Ouro de Minas”, resgata composições de autores mineiros. Como é voltar a Minas Gerais?
- M. - É muito bom. Faz muito tempo que a gente não se relaciona com essa turma toda. Quando a gente passa por aqui dá uma saudade danada de todos eles. A música nos "Bailes da Vida" (gravada por Bituca, em 1981, no CD Caçador de Mim, teve participação antológica do grupo) foi feita por Milton Nascimento em homenagem ao Roupa Nova.
- F. - Sou mineiro de Belo Horizonte. Contudo, acho que o disco, que teve a participação da Zélia Duncan, Luciana Melo, Elba Ramalho, Sandra de Sá e Ivete Sangalo, poderia ter tido uma aceitação melhor aqui no Estado.
- Como anda a carreira internacional do grupo?
- P. - Nós já estivemos em Portugal, Estados Unidos, Porto Rico e Paraguai, onde, inclusive, temos um público absurdo. Estamos em negociações para tocar na Espanha, África do Sul e Japão.
- F. - A gente prepara uma apresentação num teatro em Nova York. O show acontece em novembro.
- O público que acompanha o trabalho do grupo está sempre em mutação. Há uma nova geração curtindo Roupa Nova hoje?
- P. - É deliciosa essa relação. Há uma galera nova curtindo a gente e isso é maravilhoso. Nós devemos tudo que conquistamos aos fãs.
- F. - Sou um cara muito ligado na Internet e vivo com o laptop para cá e pra lá. Recentemente fiz uma pesquisa nela e descobri que 75% do nosso público hoje é composto por pessoas com idade entre 16 e 25 anos.
- Quais os planos futuros do grupo?
- P. - Nossa força está toda concentrada no selo Roupa Nova Music. Nós pretendemos, por meio dele, trazer grandes talentos esquecidos e mostrar outros desconhecidos para a mídia. Sabemos que a mídia é um pouco radical quando se fala no talento de alguns artistas.
- F. - Nós estamos focados no trabalho de edição do novo DVD “RoupAcústico II”, que tem as participações de Claudia Leite (vocalista do grupo Babado Novo), Tony Garrido (vocalista do Cidade Negra), Marjorie Stiano e do Pedro Mariano (irmão da cantora Maria Rita e também filho de Elis Regina). Estamos muito felizes com o resultado final do projeto.
4 comentários:
Muito boa a entrevista!!
Parabéns!!
Equipe Roupa Nova Rio
Obrigada por seu comentário. Espero que o Roupa Nova continue dando provas de talento e criatividade.
Abraços a todos,
Marco Aurélio Bissoli
o que dizer amooo eles!!
O que dizer quando ouço Roupa Nova,
Os caras são bons e merecem todo o carinho dos fãs.
Continuem em frente, e lute pelos sonhos (Adorei o cd NATAL TODO DIA)
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